Meu nome é Luíza Alvim, sou pesquisadora de Cinema e viajante pelo mundo.
Em muitas viagens, procurei locais de sequências importantes do cinema. Outras vezes, visitei lugares e descobri os filmes depois. Numa terceira categoria, o motivador foi um livro que tenha sido adaptado pelo cinema. Faço aqui uma montagem com textos e fotos dessas experiências.
Escadaria de Odessa em fevereiro de 2020 e "O encouraçado Potiemkin", Sergei Eisenstein, 1925
Gerar link
Facebook
X
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Há anos sonho em ir a essa escadaria e, a cada ano, era uma decepção por chegar sempre razoavelmente perto de Odessa e da Ucrânia, em viagens a países da Europa Oriental, mas sem nunca chegar lá. Dessa vez, em fevereiro de 2020, nem era tampouco para ter ido. Mas, numa mudança de planos no meio da viagem e, estando em Kiev, mesmo com a longa viagem, insisti para, enfim, ter essa oportunidade. Sim, a viagem foi sofrida: mais de 6 horas de ônibus para ir e depois para voltar em apenas dois dias. Mas valeu a pena pela escada.
As fotos são de dois dias: um fim de tarde de sábado (15/02/2020), cheio de gente (ó, meus figurantes ocasionais!) e uma manhã ensolarada de domingo (16/02/2020), com bem pouca gente no início e se enchendo aos poucos. Na primeira vez, as fotos e filmagens foram feitas de memória. É claro que procurava por tudo quanto era carrinho de bebê e vários atravessavam de um lado para o outro da escada, onde ficam dois parques (o de Istambul e o da Grécia). Na segunda vez, tendo assistido a sequência do filme, chegamos à conclusão que seria impossível fazer o plano da estátua (que ainda está lá!) junto com os degraus da escada - Eisenstein certamente colocou a câmera num lugar alto e não conseguimos achar nenhum para subir e tentar reproduzir o plano.
De todo modo, há mudanças importantes: não tem mais a igreja ao pé da escadaria, só uma igreja atrás do arranha-céu espelhado do Hotel Odessa. Fomos lá, olhamos o Mar Negro e nos perguntamos exatamente onde Eisenstein filmou a sequência anterior ao massacre em que a população leva mantimentos aos amotinados do navio.
Curioso que, ao final da segunda visita, um carrinho de bebê estava bem no topo da escada, com dois homens ao lado que não pareciam ter relação com o bebê. Como ele não se mexia, tive um pensamento esdrúxulo: será que é um boneco e colocaram lá para algum turista querer reproduzir a cena? Eis que o bebê começa a se mexer.... Não, não era isso. Na verdade, senti um certo apagamento da memória do local, embora a escada esteja indicada em todos os guias turísticos da cidade. Só há uma placa, assinada por Wim Wenders, reconhecendo o tesouro cinematográfico do local.
Coloco também alguns frames do filme.
#odessa
#eisenstein
#potenkim
Trecho do filme
Seriam os novos cossacos? Ou simplesmente jovens em serviço militar?
Foi esse bebê que pensei que fosse um boneco até ele começar a mexer rsrs
Talvez desde 2007 tenham chegado alguns filmes romenos a festivais e ao circuito brasileiro, mas foi com o filme alemão "Toni Erdmann" (2016), da diretora Maren Ade, que a cidade me chamou a atenção, principalmente pelas áreas verdes. Embora o filme não tenha tantas cenas em exteriores, há um clímax antes do epílogo, que se passa num parque. Essa imagem me ficou na cabeça. Visitei Bucareste no final de fevereiro de 2019. Tinha um pouco de neve, mas os parques em geral estavam verdes. Não revi "Toni Erdmann", portanto, as imagens que tinha da cidade e do filme eram muito fluidas. Este é o parque Ci șmigiu, perto do hotel onde estávamos. As latas de lixo de cada parque são diferentes, como pude perceber pelos outros que visitei. Pelas imagens do filme, chego à conclusão que o parque do filme é o Unirii e que seria próximo ao local onde mora a protagonista Ines (Sandra Hüller). Ela é uma executiva alemã, que trabalha numa empresa em Bucareste e tem sonhos carreiristas...
Em 2017, já me encaminhando para o final de uma pesquisa sobre cinema moderno francês, faltavam alguns poucos filmes para assistir, de difícil acesso. Um deles era "La mère et l´enfant" ("A mãe e a criança") documentário curta-metragem de Jacques Demy de 1959. Descobri que havia uma cópia no Centre National du Cinéma et de l´Image Animée (CNC), localizado em Bois d´Arcy, vilarejo na periferia oeste de Paris. Assim, durante uma viagem, em fevereiro de 2017, pude, finalmente, ver o filme no CNC. Saindo de Paris, peguei o RER C (o RER é um sistema ferroviário que faz a ligação de Paris a localidades nos arredores) e deveria saltar na estação de Fontenay le Fleury, próxima a Bois d´Arcy. Porém, o RER C enfrentava na época várias interrupções da linha, saltei em Saint Cyr, mas perdi o ônibus para Fontenay. Como me disseram que o tempo de caminhada seria de 20 minutos, praticamente o mesmo tempo de espera do ônibus, resolvi ir andando. Embora estivesse carregando o peso ...
A combinação do título pode parecer estranha, ainda mais se o/a leitor(a) levar em conta o tipo de filme que costuma ser lembrado nesse blog. Mas você não leu errado: vamos da Antiguidade clássica a um clássico da ficção científica dos anos 1970, um filme com várias características do gênero épico praticado por Homero e Virgílio - e tudo isso nas terras da Tunísia. Desde a escola, tenho loucura por História Antiga e muita vontade de ver com os meus olhos os lugares, sejam históricos ou mitológicos e mesmo que só tenham restado poucas ruínas. Na atual Tunísia, as viagens de aventuras e desventuras na volta da Guerra de Troia tanto do personagem vencedor Odisseu (ou, na versão romana, Ulisses, sendo a "Odisseia" a sua saga), de Homero, quanto o vencido Eneias (que, na sua "Eneida", vai de vencido a vencedor, pois Eneias está nas origens míticas do Império Romano que dominará toda aquela parte do mundo), de Virgílio, encontram pontos de parada. Eneias aporta na colô...
Também quero ir!
ResponderExcluir